domingo, 16 de dezembro de 2012

Paciência e Carinho

Paciência para quebrar as barreiras,
físicas e emocionais que nos separam.
As barreiras do medo de algo novo,
da ansiedade do reencontro,
do frio na barriga quando seus olhos cruzarem os meus.
Da expectativa, da distância, do não saber.

Carinho para contruir pontes,
para te trazer cada vez mais perto,
para que te acostumes comigo,
para que meu toque seja bem vindo,
para que meus beijos sejam desejados.
Para que você sempre encontre seu caminho
de volta para mim.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Sossega Coração. Não Desesperes. (Fernando Pessoa)


"Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.
Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperença a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!
Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme."

Fernando Pessoa

Ilhas



"Tristeza não tem fim, felicidade sim" (Tom Jobim)

Se minha vida fosse um mapa, seria um enorme oceano, triste e vazio
preenchido com pequenas ilhas, milhas distantes umas das outras, de felicidade.
Ao chegar nelas, maiores ou menores, meu caminho é reto, pleno e cheio de alegrias,
mas ao chegar ao outro lado, uma praia deserta e uma imensidão sem fim despontam.
Mais uma vez subo em minha embarcação e por muitas vezes enfrento um caminho turbulento,
tempestades que quase me fazem desistir e me desviam de meu curso.
E mais uma vez vejo uma pequena ilha, pequena demais para a demanda de minha alma.
Meu coração quer preencher o vazio que lhe consome, e este vazio de amor é grande demais.
Será que algum dia encontrarei meu porto seguro?

domingo, 9 de dezembro de 2012

P'rá G.


Instantâneo

Um breve momento de felicidade,
quando suas bocas se tocaram, suas mãos envolviam seu corpo
E naquela hora, naquele banco, o mundo era perfeito, nada mais importava.
Um instante no tempo depois, soube que aquilo seria tudo o que teria dela,
mas aquele instantâneo da perfeição nunca mais sairia de sua memória.


Os Erros de Sempre

Que tipo de idiota q eu sou?
Aquele que fica esperando a outra me dar um grito lá de cima
"Me espera!"?!
E não aproveita a oportunidade que se apresenta?
Que se enamora daquela que não pode ter
e dispensa aquela que se põe a sua frente.
Cabeça tola, coração estúpido!
Comete os mesmos erros de sempre,
Não aprende e tuas noites continuam solitárias
a espera da mulher que consideras perfeita.


Um Sonho

Não me arrependo do que aconteceu entre nós.
Faria tudo de novo, sem arrependimentos,
mesmo sabendo que toda minha felicidade seria roubada no dia seguinte.
Naquele momento que eu já fantasiava há tempos, você era só minha,
seu toque, sua boca, seu gosto, seus olhos nos meus.
Tudo parecia perfeito
e foi perfeito, mesmo que somente por alguns minutos.

Não fico triste pelo que fizemos e nem te quero triste como você me falou que estava,
aconteceu e foi lindo.

Lamento pelo que poderia ter sido e não foi,
um sonho que não se realizou,
e ainda assim, faria tudo de novo.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Guarani-Kaiowá de Boutique

     "As redes sociais são mesmo a maior vitrine da humanidade, nelas vemos sua rara inteligência e sua quase hegemônica banalidade. A moda agora é "assinar" sobrenomes indígenas no Facebook. Qualquer defesa de um modo de vida neolítico no Face é atestado de indigência mental.

      As redes sociais são um dos maiores frutos da civilização ocidental. Não se "extrai" Macintosh dos ...
povos da floresta; ao contrário, os povos da floresta querem desconto estatal para comprar Macintosh. E quem paga esses descontos somos nós.

      Pintar-se como índios e postar no Face devia ser incluído no DSM-IV, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.

      Desejo tudo de bom para nossos compatriotas indígenas. Não acho que devemos nada a eles. A humanidade sempre operou por contágio, contaminação e assimilação entre as culturas. Apenas hoje em dia equivocados de todos os tipos afirmam o contrário como modo de afetação ética.

      Desejo que eles arrumem trabalho, paguem impostos como nós e deixem de ser dependentes do Estado. Sou contra parques temáticos culturais (reservas) que incentivam dependência estatal e vícios típicos de quem só tem direitos e nenhum dever. Adultos condenados a infância moral seguramente viram pessoas de mau-caráter com o tempo.

      Recentemente, numa conversa profissional, surgiu a questão do porquê o mundo hoje tenderia à banalidade e ao ridículo. A resposta me parece simples: porque a banalidade e o ridículo foram dados a nós seres humanos em grandes quantidades e, por isso, quando muitos de nós se juntam, a banalidade e o ridículo se impõem como paisagem da alma. O ridículo é uma das caras da democracia.

      O poeta russo Joseph Brodsky no seu ensaio "Discurso Inaugural", parte da coletânea "Menos que Um" (Cia. das Letras; esgotado), diz que os maus sentimentos são os mais comuns na humanidade; por isso, quando a humanidade se reúne em bandos, a tendência é a de que os maus sentimentos nos sufoquem. Eu digo a mesma coisa da banalidade e do ridículo. A mediocridade só anda em bando.

      Este fenômeno dos "índios de Perdizes" é um atestado dessa banalidade, desse ridículo e dessa mediocridade.

      Por isso, apesar de as redes sociais servirem para muita coisa, entre elas coisas boas, na maior parte do tempo elas são o espelho social do ridículo na sua forma mais obscena.

      O que faz alguém colocar nomes indígenas no seu "sobrenome" no Facebook? Carência afetiva? Carência cognitiva? Ausência de qualquer senso do ridículo? Falta de sexo? Falta de dinheiro? Tédio com causas mais comuns como ursinhos pandas e baleias da África? Saiu da moda o aquecimento global, esta pseudo-óbvia ciência?

      Filosoficamente, a causa é descendente dos delírios do Rousseau e seu bom selvagem. O Rousseau e o Marx atrasaram a humanidade em mil anos. Mas, a favor do filósofo da vaidade, Rousseau, o homem que amava a humanidade, mas detestava seus semelhantes (inclusive mulher e filhos que abandonou para se preocupar em salvar o mundo enquanto vivia às custas das marquesas), há o fato de que ele nunca disse que os aborígenes seriam esse bom selvagem. O bom selvagem dele era um "conceito"? Um "mito", sua releitura de Adão e Eva.

      Essas pessoas que andam colocando nomes de tribos indígenas no seu "sobrenome" no Face acham que índios são lindos e vítimas sociais. Eles querem se sentir do lado do bem. Melhor se fossem a uma liquidação de algum shopping center brega qualquer comprar alguma máquina para emagrecer, e assim, ocupar o tempo livre que têm.

      Elas não entendem que índios são gente como todo mundo. Na Rio+20 ficou claro que alguns continuam pobres e miseráveis enquanto outros conseguiram grandes negócios com europeus que, no fundo, querem meter a mão na Amazônia e perceberam que muitos índios aceitariam facilmente um "passaporte" da comunidade europeia em troca de grana. Quanto mais iPad e Macintosh dentro desses parques temáticos culturais melhor para falar mal da "opressão social".

      Minha proposta é a de que todos que estão "assinando" nomes assim no Face doem seus iPhones para os povos da floresta.
 
     Luiz Felipe Pondé"
 
Luiz Felipe Pondé, pernambucano, filósofo, escritor e ensaísta, doutor pela USP, pós-doutorado em epistemologia pela Universidade de Tel Aviv, professor da PUC-SP e da Faap, discute temas como comportamento contemporâneo, religião, niilismo, ciência. Autor de vários títulos, entre eles, "Contra um mundo melhor" (Ed. LeYa). Escreve às segundas na versão impressa de "Ilustrada".

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Quero

Quero de volta aquela sensação mágica dos primeiros encontros.
De quando chega aquele dia especial em que eu irei revê-la, não mais como uma desconhecida apresentada por um amigo em comum.
Quero contar as horas até sair de casa. Aquele friozinho no estômago que sinto quando chego, o nervoso que sinto enquanto você não aparece.
Quero te dizer que estava morrendo de saudades, do quanto eu esperei p'rá te ver de novo, o abraço apertado, um beijo ansioso.
Quero descobrir suas vontades, seus desejos, suas manias.
Quero teu sorriso lindo combinando com meu sorriso bobo.
Quero a sensação de chegar a primeira vez em sua casa. Subir no elevador, passar pela porta, pela sala, entrar em seu quarto.
De acordar no dia seguinte ao teu lado, de te olhar dormindo, te fazer um carinho e te ver abrir os olhos. A primeira noite juntos. O primeiro bom dia ainda na cama, quero te abraçar e dali não sair tão cedo.
Tomar o café da manhã junto de você, voltar p'rá cama, levantar de novo, voltar p'rá casa, passar o dia lembrando a noite anterior, te ligar, dizer que te amo, te encontrar novamente!
E na noite seguinte um novo encontro, a certeza de que foi bom, tão bom que eu não quero mais nada a não ser ficar ao seu lado.
Te dar mais um abraço, te fazer mais carinho, te beijar muitas e muitas vezes mais.
Quero sair com você, ir ao cinema, passear na praia, tomar um chopp no bar, te levar de volta p'ra casa, me deitar com você e acordar de novo do seu lado!
Quero te amar, quero que você me ame!
E eu sei que você vai.
Porque eu quero fazer tudo isso e muito mais, muitas e muitas vezes.
E eu não quero deixar de sentir a magia que senti na primeira vez.